Tour du Mont Blanc

Tour du Mont Blanc
Correndo, explorando, vivendo aventuras!


Há anos atrás eu estava pesquisando sobre as trilhas mais bonitas do mundo quando ouvi falar num tal Tour du Mont Blanc! Não fazia ideia do que era, mas quando fiz a pesquisa no Google e via as fotos - coisa de filme mesmo - pensei: está aí algo pra fazer antes de morrer! A ideia ficou guardada por anos até meados de 2024, quando compartilhei com alguns amigos: o Ivã, a Ferdinanda e o Guardião, que compraram a ideia, melhoraram ela, e toparam encarar essa aventura junto comigo.


Como iríamos fazer tudo por conta, precisávamos aprender muita coisa, entender todas as variáveis envolvidas nessa equação para tornar esse sonho realidade.

Aqui vamos compartilhar algumas informações que nos ajudaram nessa jornada. Esse texto é um compilado do que geramos ao longo de praticamente 1 ano de planejamento. Para facilitar a vida, a gente registrou tudo em um documento no Google Docs, compartilhado com a galera do Tour, isso ajudou muito a organizar e deixar todo mundo ciente de todos os detalhes. Ao final, fizemos um PDF com as informações mais importantes que precisávamos ter durante a viagem, salvamos este PDF no celular tê-lo disponível offline e também imprimimos algumas cópias para ter um backup físico dessas informações. Você pode ver como ficou aqui:

TMB 2025 - Público
Tour du Mont Blanc 2025 Trail Running Athlètes Valdecir Guardião Jaime Biernaski Ivã Stival Ferdinanda Alcântara Soutien Victor Guardião Correndo, explorando, vivendo aventuras! Emergência Emergency Itália Italy 118 França France 112 Suíça Switzerland 1414 FER…

Agora, bora lá ver como foi esse planejamento!

Boa leitura ;-)

Links/Info rápidos:

O que é o Mont Blanc

Mont Blanc é a montanha mais alta da Europa Ocidental, com 4.810 metros de altitude, localizada na fronteira entre a França, a Itália e próxima da Suíça.

Seu nome significa "Monte Branco", por conta da neve que cobre seu topo. Mais do que um símbolo natural impressionante, ele é um ícone do montanhismo e da aventura nos Alpes.

Mont Blanc (4.810m alt)

Maciço do Mont Blanc

Mas essa montanha não está sozinha! Ao seu redor se estende o Maciço do Mont Blanc (Massif du Mont-Blanc), um conjunto poderoso de montanhas, vales profundos, picos afiados, geleiras e paisagens dramáticas. Esse maciço faz parte dos Alpes e é uma das regiões montanhosas mais icônicas do mundo, não apenas pela sua imponência geográfica, mas também por ser berço do alpinismo moderno. Dentro dele estão cidades conhecidas como Chamonix (na França), Courmayeur (na Itália) e Champex (na Suíça), que servem como pontos de partida para inúmeras aventuras alpinas.

Vista do Maciço do Mont Blanc - Google Earth

Tour du Mont Blanc

É ao redor deste maciço que se desenha o Tour du Mont Blanc (TMB) — uma trilha circular de cerca de 170 km que cruza três países: França, Itália e Suíça.

Tour do Mont Blanc com fronteiras - França, Itália e Suíça

passando por vales, florestas, pastos, lagos glaciais e vilarejos que parecem saídos de contos. É uma das travessias mais espetaculares do mundo, um prato cheio para quem ama aventuras.

UTMB

Este também é o palco para UTMB – Ultra-Trail du Mont-Blanc, uma ultramaratona de montanha que segue, em grande parte, o mesmo trajeto do Tour, mas em um único esforço contínuo. São cerca de 170 km com mais de 10.000 metros de altimetria acumulada, onde atletas do mundo inteiro correm dia e noite ao redor do maciço. A prova acontece todos os anos, saindo de Chamonix, e é considerada a mais prestigiada do mundo no universo do trail running.

Planejando o TMB

Antes de mais nada: Com quem viajar?

Guardião de Branco, Ferdinanda, Ivã e Victor ao fundo, no dia que iniciamos o Tour, em Chamonix, França

Acho que esse ponto é muito importante, e às vezes passa despercebido. É muito importante, nesse tipo de viagem, que as pessoas com que você viaja estejam na mesma sintonia, estilo compatível, buscando as mesmas coisas, porque ficar muito tempo junto pode despertar o que temos de melhor e de pior dentro da gente.

Um grande amigo meu um dia me disse:

Para conhecer bem uma pessoa, existem 2 maneiras: lide com dinheiro com ela ou viaje com ela!

Nesse caso iríamos fazer as duas coisas!

O nosso grupo era inicialmente formado por mim (Jaime Biernaski), o Ivã Stival, a Ferdinanda Alcantra e o (Valdecir) Guardião. Nos conhecemos há bastante tempo, mas foi o trail running que nos uniu de maneira especial e nos fez compartilhar muitas experiências juntos, inclusive algumas viagens pelo Brasil - um grupo formado por amigos. Isso facilitou muito! Mais tarde, o filho do Guardião - Victor, se juntou à equipe para fazer suporte durante o tour.

Tenha planos A, B e C: Outro ponto fundamental foi ter planos quando as coisas não saírem exatamente como o esperado. No nosso caso, o Guardião estava com um problema no joelho, o que colocou em dúvida se ele conseguiria fazer a viagem toda. Mas como já estava tudo organizado, decidimos criar um plano A, B e C.

O plano A era seguir como planejado, fazendo tudo juntos, sem forçar demais, mas aproveitando a aventura. O plano B era ele fazer só alguns trechos, ficando com o Victor em partes do caminho e participando da experiência de forma mais leve. E o plano C, se necessário, era ele não fazer os trechos a pé, mas acompanhar de carro e ainda assim compartilhar a jornada com a gente passando a noite nos abrigos.

Precisamos ser muito reais e sinceros com tudo o que pode acontecer, entender as limitações e estar cientes que as coisas podem não dar certo. Não é momento de esconder situações ou fingir que está tudo bem - tem que colocar as cartas na mesa pra entender qual o jogo que será jogado. No final, essa flexibilidade e o preparo para imprevistos em várias frentes garantiram que, mesmo sem ninguém do grupo ter experiência prévia no Tour, fizéssemos as coisas com segurança, aproveitando ao máximo a experiência.

O grupo estava fechado, além disso só sabíamos que a saída seria de Curitiba e de alguma maneira teríamos que chegar na charmosa, aventureira e encantadora cidade francesa chamada Chamonix, o nosso ponto de partida.

Comunicação

Uma das coisas que pode preocupar é a comunicação. Eu e o Ivã nos viramos bem com inglês, e isso ajuda muito. Mas mesmo sem domínio total, existem ferramentas que quebram o galho fácil: Google Translate, IA, dicionários offline e até um papel (papel mesmo - nem sempre dá pra contar com o celular) com algumas frases básicas impressas para emergências.

O Vitor, por exemplo, fez todo o trajeto de carro e usava essas ferramentas para se comunicar. A verdade é que mais importante do que falar a língua é ter atitude e ser “safo”: sorrir, apontar, mostrar no app, usar mímica… tudo isso funciona. E também lembrar que você não está em casa: é essencial respeitar as pessoas, os costumes e ter a postura correta de quem é visitante.

Um ponto de atenção especial é a imigração ao chegar na Europa. Ali não é hora de improvisar ou inventar: é fundamental ter bem claras as informações da viagem, onde vai ficar e o propósito da visita. Saber o que dizer, de forma simples e direta, evita mal-entendidos e garante que a aventura não termine antes mesmo de começar.

No fim das contas, com respeito, clareza e um pouco de jogo de cintura, sempre dá certo.

Quando viajar? A temporada ideal

Que roupas levar? Estarei preparado para enfrentar o clima? Planejar bem quando ir é fundamental para evitar surpresas desagradáveis como temporada de chuvas ou frio intenso.

Clima agradável nos Alpes, final de junho de 2025

No caso do TMB, a temporada vai do final de junho a meados de setembro: Durante esse período, o clima nos Alpes costuma ser mais estável e agradável para longas caminhadas ou corridas em altitude. As temperaturas são mais amenas, os dias são longos (com luz até quase 22h em junho/julho), e a maior parte das trilhas já está livre de neve.

Decidimos fazer o TMB no início de temporada, nossa janela seria entre os dias 23 a 27 de Junho de 2025.

Definindo o ponto de partida, o sentido e a rota

O Tour du Mont Blanc (TMB) pode ser realizado no sentido horário e anti-horário, e existe o trajeto clássico, trajetos alternativos e vários pontos de partida.

Como somos praticantes de Trail Running, decidimos viver a experiência da UTMB, mas com liberdade de fazer as mudanças que quiséssemos em trajeto e tempo. Isso foi o nosso "norte" para decidir que:

  • Dentre as várias opções de trajeto, faríamos o mesmo trajeto da UTMB 2024 (usamos um arquivo GPX para isso);
  • Faríamos o tour no sentido anti-horário;
  • O ponto de partida e chegada seria a cidade de Chamonix, na França.

Em quanto tempo fazer

Agora que já tínhamos a noção do ponto de partida e chegada, e em que sentido iráramos fazer, teríamos que definir em quanto tempo faríamos. Tradicionalmente, o percurso de aproximadamente 170 km é feito de 7 a 11 dias a pé, mas também pode ser feito em menos tempo por quem opta por modalidades mais esportivas, como o trail running - que foi o nosso caso. A conta inicial foi bem simples e partiu de uma única pergunta:

Em quantos dias vamos fazer?

A proposta inicial era fazer o tour completo em 7 dias, depois cogitamos fazer em 4, mas decidimos que nossa jornada seria de 5 dias . Foi um equilíbrio encontrado considerando que faríamos "correndo", porém com uma certa folga para aproveitar as paisagens, cidades, e a experiência de uma maneira geral. A matemática foi:

170 km/5 dias = ~ 34km/dia

Em um cenário ideal essa seria a distância perfeita por dia, mas precisávamos saber como seguir o trajeto da UTMB 2024, para ter ideia dentro das distâncias, quais seriam as opções de onde dormir dentro desse trajeto.

Curiosidade: Na UTMB 2024, o campeão masculino fez em 19hrs e a campeã feminina em 22 hrs.

Como saber o caminho

O Tour é bem demarcado, principalmente as rotas tradicionais. Em vários pontos vemos marcações nas pedras, setas e placas indicando o caminho. Notamos que na França e Itália existe um cuidado maior com a manutenção da trilha.

Existem também vários mapas e croquis que ajudam nesse aspecto, inclusive nós:

  • Compramos um mapa, daqueles dobráveis, e
  • Fizemos todas as marcações para num caso de emergência, ter ao que recorrer. Caso nunca tenha visto um mapa físico, se familiarize um. É importante ter uma notação de localização e ter redundância em coisas que são importantes (planos A, B e C...)

Mas não faríamos a rota tradicional, e para saber que caminho a seguir, usamos um arquivo GPX da UTMB 2024.

O GPX é como um “arquivo universal de GPS” que permite gravar e compartilhar percursos e pontos no mapa, independentemente da marca do dispositivo ou app.

O que pode conter em um GPX:

  • Waypoints → pontos específicos marcados (ex.: início da trilha, um ponto de referência, um restaurante).
  • Tracks → o caminho percorrido ou planejado, composto por uma sequência de pontos com coordenadas.
  • Routes → uma rota planejada com pontos intermediários (waypoints) para seguir.

Esse aqui foi o arquivo que encontramos na internet:

Com o arquivos em mãos, veio a primeira pergunta, como vejo isso? Uma maneira simples de ler e editar arquivos GPX em qualquer navegador, é através do https://gpx.studio, um editor de arquivos GPX online onde você pode visualizar, editar e criar arquivos GPX online com recursos avançados de planejamento de rotas e ferramentas de processamento de arquivos, mapas bonitos e visualizações de dados detalhadas.

gpx.studio — o editor online de arquivos GPX
Visualizar, editar e criar arquivos GPX online com capacidade de roteamento avançado e ferramentas de processamento de arquivos, belos mapas e visualização de dados detalhados.

Ferramenta que usamos para visualizar e editar o arquivo GPX online

A imagem abaixo é a cara do arquivo GPX ao ser carregado no gpx.studio, note que na parte inferior você pode ver o mapa de altimetria, e quando navega com o mouse sobre o mapa da altimetria, o ponto o mapa muda, e é possível ver detalhes daquele ponto. No exemplo abaixo, O ponto de saída está em Chamonix, e naveguei com o "mouse" pelo mapa onde seriam aproximadamente os 37km (pensando naquela distância ideal).

Arquivo GPX carregado no https://gpx.studio

Os arquivos GPX não são 100% precisos; às vezes podem apresentar pequenas diferenças, dependendo da forma como foram gravados. Por isso, não se prenda demais a detalhes mínimos.

Nesse ponto, conseguimos ver o caminho que iriamos seguir, e também ver as distâncias. O próximo passo era, dentro da distância planejada para o dia, onde vamos passar a noite?

Onde ficar - abrigos de montanha

Refuge des Prés - França

Como seria uma aventura de 5 dias, teríamos que dormir em algum lugar. Até esse momento, o que sabíamos era:

1º dia > de Chamonix até A
2º dia > de A até B
3º dia > de B até C
4º dia > de C até D
5º dia > de D até Chamonix

E como definir os pontos A, B, C e D ? Durante o Tour passamos por várias cidades, acredito que seja possível se planejar para passar a noite nelas, mas uma opção para quem quer viver uma experiência alpina completa são os refúgios de montanha - hospedagens simples, geralmente administradas por guias alpinos ou clubes de montanhismo, que servem como pontos de apoio para quem percorre trilhas como o Tour du Mont Blanc ou para alpinistas que escalam o maciço.

Eles funcionam como uma mistura de pousada e abrigo: oferecem dormitórios coletivos (beliches ou colchões em grandes salas), refeições quentes, água potável e, às vezes, até chuveiros e eletricidade (embora limitada). O ambiente costuma ser comunitário, com mesas compartilhadas e uma atmosfera de confraternização entre aventureiros de várias partes do mundo.

Café da manhã - Refuge des Prés
Dormitório - Gîte La Léchère

Além de descanso e alimentação, os refúgios cumprem um papel essencial de segurança: são pontos estratégicos para se abrigar em caso de mau tempo e ajudam a dividir as longas travessias em etapas.

Fazendo pesquisas na internet acabamos descobrindo o site www.montourdumontblanc.com que ajudou muito no planejamento, pois disponibiliza todos os refúgios disponíveis no trajeto do Tour, e através dele também é possível fazer reservas.

Refuges autour du Mont-Blanc - réservez en ligne votre tour du Mont-Blanc

Site para reservar os abrigos de montanha.

Lá você também tem acesso a este mapa, que dá uma ótima ideia do distribuição dos refúgios dentro do trajeto:

Refúgios disponíveis no TMB

Sabíamos que teríamos 4 noites pela frente, e uma média de km/dia.

As variáveis envolvidas ao escolher onde ficar eram disponibilidade e preço. Isso era um fator crítico, pois multiplicar tudo por 6x (Euro vs Real), pesava no bolso. A ideia sempre era:

Fazer o máximo, gastando o mínimo

Os abrigos têm vagas limitadas, e dependendo das épocas elas esgotam rápido. A temporada ideal vai final de junho a meados de setembro, e a estrutura de alguns refúgios também só funciona nessa janela: muitos abrem no final de junho e fecham em setembro. Fora dessa época, eles ficam fechados ou operam apenas com abrigo de emergência.

Exemplo do processo de reserva

Ao entrar nas páginas dos refúgios, buscamos as "caixinhas verdes" que tivessem ao menos 4 vagas para o dia em questão.

Na imagem abaixo tem um exemplo de como é a página de um refúgio, nesse caso o Refuge des Prés (com capacidade para 30 pessoas por dia) . Lá tem todas as informações necessárias para se organizar.

Na parde de reserva as cores indicam:

🟢 Número de vagas disponíveis
🟤 Lotado - sem vagas
🔴 Fechado
◽️ Não é possível reservar online

Página de refúgio no www.montourdumontblanc.com

O custo nesse abrigo é de 73,00 Euros/ pessoa, que inclui jantar + pernoite + café da manhã, esse valor varia de abrigo para abrigo. Ao confirmar a reserva você recebe um email com instruções/informações. Abaixo um exemplo de email (traduzido do inglês) com essas informações da reserva que fiz para nós 4.


Prezado Sr. Jaime Biernaski,

Em resposta ao seu pedido, temos o prazer de informar que sua reserva nº 7918267 no Refuge des Prés está confirmada.

  • O custo total da sua estadia é de 292,00 €
  • O depósito já pago é de 120,00 €

O saldo deverá ser pago na chegada, assim como a taxa local. As formas de pagamento aceitas no refúgio são dinheiro (em euros) ou cartão de crédito.

As suas camas estarão reservadas até às 18h00 do dia da chegada, salvo indicação em contrário.

Após esse horário, as camas serão consideradas desocupadas e poderão ser atribuídas a outros clientes.

O jantar é servido às 19h00, e é necessário informar com antecedência caso haja alguma restrição ou pedido alimentar especial.

O café da manhã é servido das 7h00 às 8h00.

Por razões de higiene, é obrigatório trazer um liner (lençol de saco de dormir).

Lembre-se também de trazer seus itens pessoais de higiene.

Se precisar de mais informações, não hesite em nos contatar.
Desejamos uma estadia agradável.

Atenciosamente,

Refuge des Prés
Endereço: Les Contamines-Montjoie
Telefone: 0033 (0)6 61 86 50 43
E-mail:
contact@lerefugedespres.com


As informações super importantes no email são:

  • Precisávamos chegar até às 18h;
  • As refeições são servidas nos horários indicados (jantar às 19h, café da manhã às 7h) - ninguém vai ficar te esperando.
  • Tem que levar um liner (saco de dormir fino, tipo um lençol)
  • Tem que ter dinheiro para pagar o que ficou pendente.

As informações e preços variam de abrigo para abrigo, mas são quase as mesmas.

Definindo as reservas

Com as informações dos abrigos, as distâncias por dias e os dados do GPX e brincando as com as distâncias e disponibilidades, reservamos vagas nos seguintes refúgios:

A - Refuge des Prés /Refuge de la Balme
B - Rifugio Monte Bianco
C - Gîte La Léchère
D - Hôtel du Col de la Forclaz

Nota: no primeiro dia o grupo ficou separado, por questão de disponibilidade de vagas.

O TMB tem cerca de 170 km de extensão, mas como saímos um pouco das rotas para ir para os abrigos e o GPS não é 100% preciso, no final percorremos um pouquinho mais:

D1: de Chamonix até A ~42km
D2: de A até B ~40km
D3: de B até C ~38km
D4: de C até D ~32km
D5: de D até Chamonix ~32km

📍Chamonix 🇫🇷
🏠 Refuge de la Balme / Refuge des Prés 🇫🇷
🏠 Rifugio Monte Bianco 🇮🇹
🏠 Gîte La Léchère 🇨🇭
🏠 Hôtel du Col de la Forclaz 🇨🇭
🏁 Chamonix 🇫🇷

Considerando umas quebradas nos valores acima, percorremos aproximadamente 186km em 5 dias.

Como lidar com a bagagem?

Um dos pontos mais importantes é: o que fazer com a bagagem? Se você fizer no modo trekking, até consegue levar tudo em sua cargueira, mas fazer "correndo" implica em levar somente o colete de corrida no modo auto-suficiência, com o essencial para suprir: alimentação, hidratação e segurança e vestuário durante o dia. E como fazer o resto das bagagens?

A boa notícia é que existem serviços especializados no transporte de bagagens no Tour du Mont Blanc. Basicamente, você deixa a mala ou mochila em um ponto, e ela é levada de carro ou van até o próximo destino. Assim, quando você chega no refúgio ou hotel do dia, a sua bagagem já está lá te esperando. Esse tipo de serviço é oferecido por empresas locais, como:

Importante: Os serviços de entrega de bagagens nem sempre chegam a todos os refúgios. Por exemplo, para o primeiro dia as empresas que entramos em contratos em contato não entregavam bagagem no Refuge des Prés, apenas no Refuge de la Balme. Se você pensa em contratar um serviço de transporte de bagagem PRIMEIRO certifique-se quais abrigos eles atendem antes de reservar o abrigo.

Alternativa

No nosso caso, tivemos a sorte de contar com um suporte de luxo: o Victor, filho do Guardião. Ele não corre, mas adora viajar de carro, então assumiu a missão de ser nosso apoio logístico. Alugamos um carro ao chegar na Europa e enquanto nós fazíamos o Tour correndo, O Victor seguia de carro pela região com nossas bagagens, parando e explorando as cidades ao longo do dia. Muitas vezes a gente se encontrava em pontos estratégicos no meio do caminho; às vezes diretamente no abrigo, quando a estrada permitia.

Logística do carro

Definimos todos os pontos de encontro para cada dia. O Victor acompanhava nosso deslocamento pelo GPS ou pela localização que enviávamos, garantindo que os encontros funcionassem sem estresse.

Organizamos em três momentos:

1. Início do dia – combinávamos o ponto de partida da etapa e seguíamos só com o essencial; o Victor levava o resto.

2. Meio do dia – o Victor se dirigia ao ponto de encontro (mais ou menos no meio do trajeto para o dia - quando possível), sempre conferindo nosso progresso. Ela ia parando nas cidades, explorando os pontos de encontro, e quando nos encontrávamos, já dava a letra: ali tem água, lá o banheiro, etc. Às vezes mandávamos mensagem para ele pedindo coisas específicas, por exemplo: “Victor, consegue comprar um atum em pedaços para a gente comer quando se encontrar?” Ele parava no mercado e fazia os corres. Foi bem legal!

3. Final do dia – marcávamos o ponto de chegada, normalmente no abrigo, onde ele nos encontraria com tudo que precisaríamos para passar a noite: material de higiene para o banho, roupas e tudo mais.

O curioso é que, enquanto fazíamos 20 km de trilha, muitas vezes o Victor precisava rodar mais de 100 km de carro para chegar ao próximo ponto. Como as vagas nos refúgios eram limitadas, ele se virava: às vezes encontrava hospedagem simples por perto, outras vezes dormia no próprio carro. Comprou colchão inflável, saco de dormir e travesseiro, transformando o carro no motorhome dele.

Essa estratégia funcionou muito bem: garantiu leveza para nós na trilha e a segurança de sempre ter um ponto de apoio confiável.

Marcando os pontos de abrigos e suporte no GPX

Para não se perder (e também para otimizar o planejamento), o arquivo GPX foi nosso guia principal. Como mencionei anteriormente pegamos o traçado oficial da UTMB 2024 e, usando o site GPX Studio, adicionamos pontos extras de suporte (onde encontraríamos o Victor) e os refúgios em que dormiríamos. Assim, o mapa já mostrava exatamente onde deveríamos estar ao final de cada dia e onde encontrar ajuda no meio do caminho.

  1. Ponto de saída: Chamonix
  2. Ponto encontro: Saint Gervais les Bains
  3. Último ponto de encontro onde o carro chegava: Notre Dame de la Gorge
  4. Refugio dia 1: Refuge des Prés/Refuge de la Balme
    1. Devido a um problema no planejamento, ficamos separados no primeiro dia. Eu fique no Refúgio des Prés e o Ivã, Ferdi e Guardião no La Balme
  5. Ponto de encontro: Les Chapieux
  6. Refúgio dia 2: Rifugio Monte Bianco
  7. Ponto de encontro não utilizado: devido a obras, a rua estava interditada.
  8. Refúgio dia 3: Gîte La Léchère
  9. Ponto de encontro: Champex-Lac
  10. Refúgio dia 4: Hôtel du Col de la Forclaz
  11. Ponto de encontro: próximo a Les Frasserands
  12. Ponto de Chegada: Chamonix

Abaixo seguem os pontos de suporte/abrigos em detalhes. As fotos estão em ordem dos itens acima, foram excluídos os itens 7 e 11 da lista acima. O ponto 1 e 12 são a primeira foto, ponto de saída e chegada, em frente a Igreja de São Miguel, Chamonix.

Usando o GPX no celular

Depois, exportamos esse GPX customizado e carregamos no aplicativo o Guru Maps, versão "pró". Existem vários apps que podem fazer esse papel, Google Maps, Wikiloc etc, mas o nosso escolhido foi o Guru. O app tem excelente suporte offline, algo indispensável nos Alpes, e foi super preciso durante toda a travessia, além de ajudar a poupar a bateria do celular, já que o modo avião ficava ativo o tempo todo. A navegação ficou simples: bastava abrir o app e acompanhar a trilha em tempo real, sem risco de sair da rota.

Esse processo de planejar no GPX Studio e usar o Guru Maps no celular foi essencial para que a logística funcionasse e a experiência fosse muito mais tranquila.

Screenshot do Guru Maps Pro

Com o arquivo GPX ajustado, os pontos de apoio definidos, reservas feitas, apps de navegação escolhidos e o Victor no volante garantindo nosso suporte, a logística estava redonda. Até aqui, as coisas que precisavam de reserva e tinham data para acontecer estavam certas, agora era planejar os outros pontos.

Nutrição + Hidratação

Tínhamos café da manhã e jantar garantidos nos abrigos, mas diferente da UTMB e outras provas de trail running, onde a cada trecho você encontra pontos de apoio com comida, bebida e até áreas de descanso, no nosso caso não existia essa estrutura. Isso significava que precisávamos ser autossuficientes para pelo menos um dia inteiro de esforço.

Nutrição

Por isso, planejamos nossa nutrição de forma bem calculada: dividimos a alimentação em 5 blocos pela manhã e 5 à tarde, garantindo combustível constante do início ao fim da jornada. Dentro desses blocos entrava de tudo um pouco; sanduíches, géis, chocolates, bananinhas, barrinhas nutritivas, azeitonas, além de cápsulas de sal em caso de emergências.

Também adicionamos durante o Tour, uma lata de Atum no almoço que caiu muito bem!

O relógio Garmin tem um sistema de alerta por tempo, e a cada 45min o alarme indicava que era hora de consumir algo. Esse aqui era o esboço do que levar, a ordem do que consumir era de acordo com o que o corpo pedia.

  • Sanduíche
  • Carbo Gel
  • Chocolate / Doce
  • Bananinha
  • Barrinha nutritiva
    • Atum no meio do dia (Infelizmente entrou só nos últimos dias, mas caiu muito bem)
  • Carbo Gel
  • Sanduiche
  • Azeitona
  • Carbo Gel
  • Barrinha nutritiva

Preparamos os sanduíches antes das partidas. O Victor levava o restante dos alimentos até o próximo ponto.

Ivã embalando os sanduíches e o Guardião conferindo o serviço

Com os sanduíches Ok, separamos 4 kits (1 para cada corredor) da nossa alimentação e repositores da Liquidz durante o dia. Cada kit ficou mais ou menos assim:

Alimentação para 1 dia

Levar saquinhos Ziplock de vários tamanhos ajudou muito a organizar as coisas e poupar espaço no colete de corrida.

Hidratação

Na parte da hidratação, usamos uma combinação de água e os eletrólitos da Liquidz. Essa estratégia garantiu não só a reposição de líquidos, mas também de sais minerais perdidos no suor.

E aqui vai uma dica: durante o percurso há muitos pontos de água, fontes naturais, bicas e torneiras em vilarejos alpinos. Isso significa que não é preciso carregar litros e litros nas costas, mas é fundamental aproveitar cada oportunidade para reabastecer, porque nunca se sabe exatamente onde será o próximo ponto. Essa simples disciplina de encher a garrafinha sempre que possível garantiu que ninguém passasse perrengue por falta de água.

Ponto de água

Seguros com Busca e Salvamento (aéreo)

Grande parte do Tour du Mont Blanc passa por lugares que simplesmente não têm acesso fácil por estradas ou qualquer transporte terrestre. E se algo der errado, a gente precisa garantir que o resgate vai chegar. É aí que entra um seguro especial: um seguro que cubra resgate aéreo. Pois é, helicópteros são a ferramenta padrão nos Alpes para alcançar locais remotos. Eles usam helicóptero até para levar material de construção pra cima e pra baixo em pontos remotos.

No nosso do TMB, a recomendação é ter uma cobertura de pelo menos 8 a 10 mil euros para resgate aéreo. Esse é o custo médio (em 2025) de um resgate de helicóptero em qualquer ponto do Tour. Felizmente, a gente não chega a altitudes absurdas (não passa de uns 3 mil metros), o que facilita um pouco e deixa as coisas mais em conta.

Resumindo: além do seguro de viagem tradicional, é fundamental ter um seguro que inclua search and rescue, ou seja, busca e resgate aéreo. Assim, você garante que, se precisar de uma “carona” de helicóptero em uma emergência, está coberto e tranquilo.

Porém, esse tipo de seguro não é tão comum. Se o seu seguro não cobrir esse tipo de resgate você vai encontrar empresas especializadas como a da Global Rescue, umas das mais famosas do mundo, que oferecem um serviço excelente, mas cobram um pouco mais.

No entanto, nas minhas pesquisas, descobri que se você, corredor de montanha, já participou de alguma prova da UTMB World Series, há uma alternativa bem interessante a UTMB INSURANCE, ou seja, se você já calçou o tênis e encarou uma dessas provas, pode contar com uma opção de seguro que cubra o resgate aéreo sem pesar tanto no bolso.

UTMB Insurance

No nosso caso, eu, o Ivan e a Ferdinanda já tínhamos participado da UTMB Paraty, que é a prova com selo UTMB no Brasil e faz parte da UTMB World Series. Isso abriu uma porta bem legal: ao informar que participamos dessa prova, conseguimos um seguro que vale por um ano para trail running e várias aventuras, com cobertura de resgate aéreo. Ou seja, para mim, para a Ferdinanda e para o Ivan, tudo ficou resolvido por um preço bem interessante.

O Guardião, no entanto, não tinha essa participação na UTMB e precisávamos encontrar uma solução mais em conta para ele. Foi aí que unimos o útil ao agradável: descobrimos que o GPS Spot  (falaremos mais sobre ele no próximo item) oferecia uma opção de seguro com busca e resgate o Plano Overwatch x Rescue. Ele adquiriu o aparelho de GPS com o serviço extra, assim todo mundo ficou coberto e pronto para a aventura.

Conectividade

3/4/5g na Europa

Para garantir conectividade de celular, usamos eSIM da Orange para Europa:

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Funcionou muito bem, e apenas em alguns lugares, principalmente na divisa de países França/Suíça, o serviço ficou um pouco insatisfatório, mas isso foi só nos últimos dias de viagem - pós TMB, próximo ao Aeroporto de Genebra.

Escrevi um post sobre esse tema aqui:

eSIM, Conectivade em viagens
Neste post, tenho uma dica relacionada à conectividade ao viajar para o exterior. Minha forma habitual de conseguir conexão no celular quando estava fora do país era chegar ao destino, procurar uma operadora local, comprar um novo chip SIM e substituir o meu atual (sou usuário de iPhone, e a

Conectividade por satélite no TMB

No Tour du Mont Blanc, a conectividade por celular nem sempre é garantia. Em muitos trechos, você até pega sinal de celular, mas há áreas onde o acesso é bem restrito. Em uma emergência, você quer ter certeza de que a ajuda vai chegar, especialmente se você estiver sozinho, sem nenhum outro aventureiro por perto. Uma torção de joelho ou um imprevisto mais sério poderia complicar bastante a situação.

Foi aí que entraram em cena os dispositivos GPS dedicados, que não dependem de rede de celular, mas se conectam diretamente a satélites. Eu optei por um Garmin inReach Mini 2, que usa a rede Iridium (com 66 satélites cobrindo o globo todo). O Spot é outra opção interessante que oferece várias opções de aparelho, com uma rede menor, mas ainda assim confiável para todo o percurso. Ambos permitem se comunicar com amigos e familiares ou acionar serviços de busca e resgate via satélite se algo der errado.

Usando o GPS para acionar o seguro

No meu caso, meu seguro não estava diretamente atrelado ao GPS, mas eu sabia que podia usar o Garmin inReach Mini 2 para enviar uma mensagem de emergência e acionar a equipe 24/7 deles. Com isso, eu poderia usar meu seguro da UTMB Insurance para garantir o resgate aéreo se fosse preciso.

O inReach SOS é uma funcionalidade dos comunicadores por satélite da Garmin que, ao ser acionada, envia um sinal de socorro interativo para o centro de monitorização de emergências da Garmin Response℠. Este centro notifica os serviços de emergência adequados, rastreia a sua localização e pode manter uma comunicação de texto bidirecional até que a situação esteja resolvida, 24 horas por dia, 7 dias por semana. É necessário um plano de subscrição ativo para que o serviço SOS funcione.

No caso do Spot, que foi a solução do Guardião com o Spot Gen4, tinha um detalhe interessante: para ter cobertura do seguro Overwatch x Rescue, era preciso fazer o acionamento diretamente pelo dispositivo. Além disso, o Victor, filho do Guardião, pôde acompanhar o nosso deslocamento graças ao sinal que o Spot enviava. Isso foi muito legal para dar um suporte extra e deixar todo mundo mais tranquilo, sabendo que alguém de confiança estava de olho na nossa rota.

No fim das contas, pode parecer um custo extra, mas é aquele tipo de coisa que você só valoriza quando realmente precisa. E assim, ficamos tranquilos sabendo que tínhamos cobertura e conectividade mesmo nos cantos mais isolados do Tour.

Equipamentos e Precauções: O Que Levamos e Por Quê

Quando se trata do Tour du Mont Blanc, cada item na mochila conta. Além dos equipamentos de trail running, como bastões, bolsas de hidratação e tudo mais que vamos listar em detalhes, uma das grandes lições foi a importância de estar preparado para imprevistos.

Kit de Primeiros socorros

Nas competições de trail running, já temos a obrigação de carregar um kit de primeiros socorros. Então, fizemos questão de incluir um kit bem completo, consultando médicos amigos (a Ferdinanda tinha alguns contatos ótimos) e pensando em possíveis cenários de isolamento. O resultado foi um kit que acabou sendo um verdadeiro salva-vidas.

E não foi só uma precaução teórica: em uma das noites, a Ferdinanda teve uma crise alérgica séria. Foi uma noite bem complicada, quase tivemos que acionar o seguro de saúde para levá-la a um hospital. Por sorte, já tínhamos os remédios certos à mão, ela conseguiu falar com o médico por videochamada, e tudo se resolveu. Isso mostrou como é crucial levar receitas médicas para remédios específicos e estar preparado para qualquer situação.

Então, antes de listar cada item, a dica é: além dos equipamentos de trilha, garanta que você tenha um kit de primeiros socorros bem pensado e as receitas necessárias. Isso pode não só salvar a viagem, mas literalmente salvar o dia (ou à noite).

Alguns itens básicos:

  • Antisséptico
  • Rolo de esparadrapo
  • Pinça
  • Anti-inflamatório*
    • IMPORTANTE: Tínhamos esse item para usar em caso de urgência/emergência, não durante a atividade física. Usar anti-inflamatórios no trail running aumenta o risco de problemas gastrointestinais, renais (insuficiência renal), e cardiovasculares, como infarto, além de prejudicar a recuperação muscular e a hipertrofia. A prática pode mascarar lesões e a dor, levando a um retorno prematuro à atividade física e ao agravamento de quadros clínicos. É essencial CONSULTAR UM MÉDICO antes do uso, pois a automedicação é perigosa e pode ter consequências graves.
  • Anti-histamínico
  • Analgésico
  • Par de luvas cirúrgicas
  • Gases estéril
  • Rolo de atadura
  • Repositor de flora intestinal (Repoflor)
  • Nebacetin
  • Tesoura
  • Kit Costura (agulhas podem ser úteis 😄)
  • Proteção para bolhas nos pés: embora o esparadrapo resolva o problema, alguns produtos específicos brilham! Tem um que foi excelente e é fácil de encontrar na Europa que chama-se Compeed® Bolhas (site de Portugal), se acharem levem.
  • EXTRAS: Pra garantir que a imunidade não sofresse muito, levamos também os items abaixo. Eu tomava uma dose diária de cada logo cedo, após o café da manhã.
    • Vitamina C 1000mg
    • Lisimune (Cloridrato de Lisina)

Complemente seu kit de primeiros socorros com os produtos que julgar necessários. Para remédios controlados/especiais - leve a receita médica para evitar problemas.

Equipamento Trail Running

Esse equipamento estava sempre com a gente

  • Colete/mochila de corrida: grande o suficiente que caiba tudo o que precisa levar para o dia
  • Bastões para trail-running: Essenciais, vale a pena comprar em Chamonix, lá tem várias lojas com as melhores marcas e múltiplas opções.
  • Kit para chuva
  • Kit para frio: luvas, fleece/segunda pele, calça, meias extras, tocas, bandana
  • Protetor solar
  • Óculos de sol
  • Lanterna (levar pilhas extras ou o cabo para recarregar)
  • Power bank (para celular, relógio e lanterna)
  • Kit de primeiros socorros
  • Cobertor aluminizado de emergência
  • Bolsas de hidratação:
    • Usamos squeezes para o Liquidz e Água e bolsa de hidratação para água pura.
  • Alimentação do dia
  • Relógio
  • Um conjunto de talhes portáteis. Usamos uns disponíveis na Decathlon - Conjunto de talheres camping Quechua.

Malas pra viagem

Eu já escrevi um post sobre algumas dicas de mochilas e malas para viagens que uso e recomendo. Você pode conferir os detalhes aqui:

Backpacks
Uma vez que você começa a fazer a malas para viajar ou para alguma atividade, algo essencial é uma boa mochila. O tipo ideal vai depender do tipo de viagem. Nas minhas viagens, sempre acabo fazendo algum tipo de aventura ao ar livre, então nem todas as mochilas atendem às

Os itens descritos no post tem me acompanhado nas minhas aventuras nos últimos (muitos) anos. O investimento é alto, mas elas duram literalmente décadas, vale a pena.

O que colocar dentro da mala

Isso é algo bastante particular, mas como volte e meia estou na estrada, eu criei uma lista de coisas pra ter certeza que não vou esquecer de nada importante. Caso seja útil, dá uma olhada aqui:

Packing List
Checklist pensado para 1 semana sem lavanderia. Leve em conta o clima e o tipo de atividade; ajuste quantidades conforme necessário. Essenciais * Passaporte * Visto * Comprovantes de vacinação (se necessário) * Dinheiro (sacar em ATM ao chegar no destino) * Cartão de crédito habilitado * Dinheiro no cartão Wise * Passagens / Tickets * Seguro viagem (Cartão

Essa lista é bem completa, cada viagem tem suas peculiaridades, mas os itens descritos servem como um bom "norte".

Organização financeira

Na parte financeira, tem duas frentes importantes para se organizar:

  1. Como se organizar em usar dinheiro em uma viagem internacional;
  2. Como dividir as despesas entre o grupo, uma vez que o "deixa que eu pago depois a gente divide", acaba fazendo parte do dia a dia.

Para o primeiro ponto eu escrevi um post que explora esse tema, e você pode ler ele aqui:

Como me organizar com dinheiro para uma viagem internacional?
Sempre quando vamos viajar para um país fora, temos que nos organizar com dinheiro, e tem três dicas que gostaria de compartilhar baseado nas minhas experiências com isso: 1. Habilite seu cartão de crédito para uso fora do país 2. Utilize um cartão de viagens, por exemplo Wise 3. Leve

Para resumir, na nossa viagem usamos:

  1. Cartão/App Wise como padrão para gastos: É só fazer um PIX pro cartão e converter para Euro/Dólar no próprio aplicativo;
  2. Cartão de Crédito internacional como backup: Em alguns lugares acontece do cartão Wise simplesmente não passar, então é bom ter uma segunda opção disponível;
  3. Cerca de 100 Euros em espécie. Existem ATMs (similiar aos caixas 24hrs) em vários lugares, então a regra era:
    1. Usar o cartão sempre que possível, e apenas em último caso usar dinheiro vivo para pagamento, assim não precisaríamos levar grandes montantes e diminuiria riscos desnecessários. Se o dinheiro em espécie acaba, é só sacar um pouco mais no próximo ATM.

Divisão de despesas em grupo

Esse ponto foi resolvido de uma maneira muito simples usando o aplicativo Tricount. Escrevi um post sobre ele aqui:

Tricount - making expenses sharing simple
Have you ever faced problems spliting costs between friends? Normally when travelling togheter, I used to face problems, because each one used to pay parts of the costs, and in the end, everebody with copy of invoinces on hands, tries to make the math to correctly share costs, the most

Resumindo: você cria um grupo, e cada vez que alguém faz um pagamento, registra no app. O valor é dividido automaticamente entre todos do grupo, mas também é possível selecionar apenas quem participou daquele “racha” e até lançar valores diferentes para cada pessoa, se necessário.

No final da viagem, é só abrir o app e conferir os lançamentos. O Tricount sugere até quem deve reembolsar quem. Assim, o acerto de contas fica simples, justo e sem dor de cabeça.

Custos da viagem

O Tour du Mont Blanc foi do dia 23 a 27 de junho de 2025, mas chegamos 2 dias antes e ficamos uma semana a mais para aproveitar a viagem (não é todo dia que se vai pra Europa), no total foi do dia 21 de junho de 2025 a 6 de julho de 2025. Depois do TMB passeamos de carro pela França, Itália e Suíça onde fizemos a Via Ferrata de Mürren (mas esse é papo para um outro post), então nossos custos foram além dos custos do Tour du Mont Blanc em sí, mas dá pra ter uma ideia legal - porém precisamos deixar algumas coisas claras:

Os custos de maneira geral podem variar bastante, pois você pode decidir ficar em lugar com mais conforto ou comer em lugares que ofereçam experiências diferenciadas - gastar 20,00 euros numa refeição relativamente simples é bem fácil. No nosso caso, antes e pós TMB ficamos em locais com custo mais acessível ,usamos do AirBnB e do Booking.com para escolher nossas opções de estadia, e sempre comprávamos comida no mercado para cozinhar em casa ou acabava pegando opções congelados para esquentar e comer (entre 5-10 euros). Algumas vezes íamos em restaurantes também, mas era exceção e não regra.

A parte de equipamento também não é uma regra, uma vez que você pode ter tudo o que precisa, ou pode precisar comprar tudo, então é algo que dá pra discriminar aqui, mas vale a dica: vale a pena comprar equipamentos em Chamonix e também nas Decathlon espalhadas pela Europa, mas não são todos os produtos, tem que conferir os preços antes pelos sites, algumas coisas são mais baratas no Brasil do que na Europa (sim, você leu certo), outras porém há diferença de quase o dobro (mais barato na Europa no caso), como por exemplo alguns bastões de trail running da Leki (os top de carbono), saem quase R$800,00 mais barato em Chamonix do que no Brasil (2025), então a melhor coisa é listar tudo o que quiser/precisar adquirir e pesquisar os valores pra ver se vale a pena lá fora ou no Brasil.

Porém alguns custos brutos não mudam, e são essenciais. Vou listar eles aqui:

  • Euro EUR → BRL = 6,3489 
  • Franco Suíço CHF → BRL = 6,7965

    * Essa foi a cotação usada para uma base dos cálculos.
Item Valor Original Valor em BRL
Passagem Curitiba-Genebra BRL 5.342,00 5.342,00
Refuge des Prés EUR 73,00 463,47
Refuge de la Balme EUR 65,00 412,68
Rifugio Monte Bianco EUR 73,00 463,47
Refúgio Gîte La Léchère CHF 72,00 489,35
Hôtel du Col de la Forclaz CHF 72,00 489,35

Considerando que eu fiquei no Refuge des Prés no primeiro dia, que é mais caro que o La Balme (onde ficaram o Ivã, a Ferdi e o Guardião), a conta ficou R$7.247,64

Fizemos um cálculo de 100,00 euros/dia para gastos, que acabou ficando dentro do esperado, levando em conta 9 dias: 2 pré-TMB + 5 de TMB + 2 pós-TMB:

EUR 100/dia x BRL 6,34 = BRL 634,00 x 9 dias = BRL 5.706,00

Total: BRL 7.247,64 + BRL 5.706 = 12.953,64

Estes gatos são aproximados, só pra se ter uma ideia. No final das contas ficou abaixo dos BRL 15k/pessoa.

A Aventura em Si

Depois desse planejamento, tínhamos em mãos tudo o que precisávamos para transformar aquele sonho em realidade, a gente pôde simplesmente seguir o plano e aproveitar a aventura.

E foi assim que, no coração de Chamonix, diante da simpática Igreja de São Miguel, símbolo da cidade e guardiã dos aventureiros que partem rumo ao Tour du Mont Blanc, demos o primeiro passo da nossa jornada. Ali começava não só a trilha, mas uma experiência que iríamos carregar para sempre.

Chegada em frente a Igreja de São Miguel - Chamonix, França

Escrevi um poema sobre a experiência do Tour aqui:

Gigantes
Em terra de gigantes Trajetos foram explorados Respeito pelas enormes elegantes Sonhos realizados Sentindo a vida a cada passo, Deixando pra trás fraquezas, Se redescobrindo a cada traço, Em meio a tão grandes belezas. E os pulmões se enchiam Com o frescos ventos que sopravam, Das montanhas que em silêncio

É isso :-)

Espero que as dicas que compartilhamos aqui ajudem você a planejar sua própria aventura no Tour du Mont Blanc. Que isso te incentive a explorar, a se preparar e a viver essa experiência inesquecível com a mesma segurança e entusiasmo.

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Jaime Biernaski: @jaimebiernaski
Ivã Stival: @ivastival
Ferdinanda Alcantra: @ferdinandaalcantara
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Abraços!

Jaime, Ivã, Ferdi e Guardião